Abandonada

Deise havia lido um conto
Segunda de manhã, no metrô
A caminho do trabalho
E não pôde conter a expectativa
Para nos conhecermos a noite.
Sem muitas opções, arrisquei
Sugerindo a minha casa
Ela se mostrou reticente
E fez questão de dizer
Que não estava acostumada a isso.
No caminho, quis saber do chimarrão
Mas na minha casa
A bebida disponível é whisky;
Eu já estava bebendo quando ela chegou
E deixou de lado o suco
Para me acompanhar no Red Label.
Após algum tempo conversando
Ela fumava quando me aproximei
Então a beijei
Tirei seus óculos e sua roupa
Trepamos no sofá.
Repetimos a dose
Tanto do whisky,
Quanto da trepada
Ela foi embora antes da meia-noite
E eu dormi como um bebê após mamar.
Deise disse que gostou:
Da foda,
Do meu pau,
Da minha escrita;
Desejava muito virar um conto
Ser inesquecível para alguém
E ter novas oportunidades comigo.
Nos encontramos uma vez mais
Ela ficou para dormir
Já havíamos trepado duas vezes
E de madrugada
Deise gemia na cama
Era impossível relaxar!
Então com ereção plena
Na escuridão total
Eu a fodi com violência.

O noivo a abandonou antes do casamento
Bem como um sujeito no primeiro encontro;
Sarcástico, fiz uma brincadeira
Dizendo que agora fora abandonada na cama também
Pois tive de deixá-la sozinha
Incapaz de dormir com a sua gemeção.
No dia seguinte, ela me conta
Que estava no vizinho ex-namorado
Bebendo Black Label
E que o sujeito dormia de conchinha.

As mulheres sabem se vingar, pensei.
E é justo dizer
Que fiquei com saudades:
Johnnie Walker doze anos
E, depois disso, nunca mais a vi.
Sei que fui duro
Literal e figuradamente
Mas às vezes temos de sê-lo
Com quem vive no mundo das ideias
E idealiza relações
Afinal, o ideal jamais será o real
E Deise não atingiu seu objetivo de virar um conto.

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