João, o Louco

Às vésperas de completar cem anos
Dez décadas, um século, um feito!
O louco João só desejava um presente:
"Uma noite no bordel bebendo caninha
Para morrer feliz nos braços de uma ninfetinha"
Falava assim o velho safado tarado.

Conhecido no interior como João, o Louco
Enterrou mulher, irmãos e até os três filhos.
O louco João, quase demente, sobrevivia como podia:
"Deus, este filho da puta, me esqueceu aqui
Um calhambeque detonado que não dá mais a partida"
Reclamava assim o velho tarado tresloucado.

Uma vaquinha fez a família para Lourdes, a enfermeira
Cuido, lavo e até cozinho.
Mas Lourdes, histérica, não pôde ficar:
"O velho abusado blasfemou e me desrespeitou,
E com o pepino da feira quase me penetrou!"
Desabafava assim a mulher católica carola.

A família, excitada com o centenário, fez um festão
Comer, beber e muito fotografar.
Mas o louco João, sentindo-se num zoológico, aprontava:
"Já posei mais que o papa para esta gente abostada,
Agora estou trocando foto sorridente por um boquete ardente"
Debochava assim o velho tresloucado safado.

Numa noite chuvosa de inverno,
finalmente o louco João expirou
Morri, parti, desapareci!
Mas com sua peculiar epígrafe,
a família horrorizada assim ficou:
"Vivi mais de um século só para no inferno chegar
E as bocetas das diabinhas experimentar."

Guria de Uruguaiana

Ela ainda estava perdida na capital
Desde que chegou saltitante da fronteira,
A jovem morena de 27 deixou a terra natal
Buscando novas aventuras de mulher solteira.

Convidei-a para conhecer a cidade
E assim fomos beber vinho no meu sofá;
Eliane usava um vestido curtinho safadinho
Deixando à mostra as belas pernas negras.

A bebida do deus Dionísio aguçou o olfato
Senti o cheiro do seu sexo latejando de vontade
Os lábios carnudos beijei de imediato
Seu vestido arranquei para foder com total liberdade.

No meio da trepada, um pedido incomum:
Eliane deseja ser estrangulada!
E, assim, fiz a vontade da moça
Apertando seu pescoço com força.

Sentia-me um animal predador,
Dominando sua presa por completo
Numa prática sexual pouco usual;
Mas a morena, não satisfeita
Com o sotaque típico da fronteira, gritava:
"mais forte, mais forte!"

Tive receio de machucá-la ou até matá-la
E pensei por instantes nas consequências:
"O que faria? Ou diria?"
"E como me comportaria?"
Porém apenas escutava sua voz, que implorava:
"mais forte, mais forte!"

Eliane é um tipo perigoso de mulher
Que não se satisfaz jamais, viciada em sexo;
Contou-me com aflição que sofre com tal situação
E inclusive está tomando medicação
Que o médico receitou-lhe para diminuir a fornicação.

Nos encontramos mais algumas vezes
E ela parecia sentir especial atração
Por seu primeiro caso capital;
Mas fiz questão de avisar
Que comigo não contaria mais para lhe enforcar!

A morena se apaixonou
E às vezes até me confundia com outro sujeito
Nos bares de um porto já não tão alegre:
Por certo uma solução do caso se fazia necessária.

Como a natureza de tudo que vive é perecer
Deixei a guria de Uruguaiana,
Que estava um tanto quanto sentimental,
Aventurar-se em outras fronteiras da capital.

Estar no Mundo

Às vezes na vida Tudo que você precisa São versos Ou notas musicais Que te levam Ao esquecimento Do sentimento De não mais poder ser. Às ve...