Lovely Rita

Rita tem trinta e poucos
Alemoa de belas ancas
É uma entediada professora 
Que adora ler distopias.

Ela logo quis me encontrar
Após duas horas de conversa febril
E na Feira do Livro aletrar
Num novembro primaveril.

Mas o encontro ocorreu
Numa praça, no dia seguinte
À luz solar, clima familiar
Um beijo tímido sem requinte.

Alguns dias depois 
A fatal intimação
E mandei Rita se produzir
Finalmente o fim da estiagem:
Salto alto, vestido preto e maquiagem.

Ao recebê-la, plena excitação
No olhar, o desejo estonteante
Uma fêmea implorando submissão
Deixar de lado sua vida entediante.

Trepamos whisky
Bebemos violência
Fodemos decência
Oh lovely Rita,
Objeto do meu desejo.

Mas o instinto policial
Fez Rita perder a sanidade
E quando logo descobriu
Que não havia exclusividade
Me mandou a puta que pariu!

Então a utopia terminou
A neurose aflorou
E nem o blues do hoochie coochie man
foi capaz de dar alento
Ao nosso neurótico relacionamento.

Um comentário:

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