A Advogada

Ela é morena, baixinha, tem 32

Separada há seis meses,

É mãe de um cão

E se exercita diariamente

Disposta a arrancar blusas

E pendurá-las no cabide.

Fui o seu primeiro encontro real

Na moderna arte da paquera virtual

Débora não quis saber

E eu também não lhe disse

Que ela era a número sessenta e um.

Às 16 horas de uma terça ordinária

Subi dois andares

E encontrei a advogada

Para um bate-papo informal;

Débora usava uma blusa decotada

Que tive vontade de arrancá-la.

Tentei levá-la para a escadaria

Para um beijo ou dois

Quem sabe até bolinação adolescente?

Mas a advogada não deu provimento

À minha inocente petição.

Aguardando o elevador

Ela me pede um beijo

Sem hesitar, satisfaço o seu desejo

Consolidando, assim

Um improvável encontro vespertino.

Débora, uma mulher independente

Submissa somente no sexo

Insistiu no quarto sadomasoquista

Mas para sua surpresa decepção

Havia tão somente um sofá tântrico

Incompatível com chicotes, algemas

E blusas arrancadas.

Felicidade Estóica

É dia dezoito de uma quarta de outono
As folhas secas estão por todo lugar.
Tenho 45 reais em conta
E alguns trocados em espécie
Reservados para uma puta de vinte e poucos.
 
Se eu tivesse dinheiro o suficiente
 Para foder as putas caras, 
Profissionais ou amadoras; 
Estaria eu mais próximo da felicidade?

Não são as mulheres fáceis ou difíceis
Nem as posses além do necessário
Tampouco as viagens, os jogos, as roupas
Ou mesmo os restaurantes finos.

Encontrou-se a si mesmo
Aquele que sabe viver como um estóico
Indiferente aos eventos externos
Aceitando a realidade tal e qual se apresenta, 
E não querendo nada além daquilo que é.