No silêncio da noite
Escuto o grito
Que rompe a escuridão
Um grito de horror.
Talvez um bêbado,
Suicida ou celerado
Inconformado,
Revoltado,
Desesperado
Um grito inumano.
Já não posso dormir
Me resta levantar
E pela casa escura vagar
Um cigarro fumar
Esperando a calmaria retornar.
É a profunda melancolia
Da batalha perdida
De ter consciência
De estar vivo
Sufocando o coração.
Já não posso chorar
Me resta esquecer
E pela casa escura fingir
Um cigarro apagar
Esperando a vida renascer.
É o profundo fingimento
Da consciência perdida
De ter melancolia
De estar em batalha
Sufocando o coração.
Este silêncio brutal
Que incomoda,
Que dói,
Que grita
Sozinho na noite sombria.
A fumaça que se espalha
E logo desaparece
É o piscar de olhos
De estar vivo
De ter melancolia
Da eterna batalha
No meu coração.
A noite sombria
é interrompida
Pelo raio de sol
Que rompe a escuridão
Anunciando a aurora.
Despertar do novo dia
Da batalha perdida
De estar vivo
Eterna melancolia
Sufocando o coração
No silêncio da noite.