João, o Louco

Às vésperas de completar cem anos
Dez décadas, um século, um feito!
O louco João só desejava um presente:
"Uma noite no bordel bebendo caninha
Para morrer feliz nos braços de uma ninfetinha"
Falava assim o velho safado tarado.

Conhecido no interior como João, o Louco
Enterrou mulher, irmãos e até os três filhos.
O louco João, quase demente, sobrevivia como podia:
"Deus, este filho da puta, me esqueceu aqui
Um calhambeque detonado que não dá mais a partida"
Reclamava assim o velho tarado tresloucado.

Uma vaquinha fez a família para Lourdes, a enfermeira
Cuido, lavo e até cozinho.
Mas Lourdes, histérica, não pôde ficar:
"O velho abusado blasfemou e me desrespeitou,
E com o pepino da feira quase me penetrou!"
Desabafava assim a mulher católica carola.

A família, excitada com o centenário, fez um festão
Comer, beber e muito fotografar.
Mas o louco João, sentindo-se num zoológico, aprontava:
"Já posei mais que o papa para esta gente abostada,
Agora estou trocando foto sorridente por um boquete ardente"
Debochava assim o velho tresloucado safado.

Numa noite chuvosa de inverno,
finalmente o louco João expirou
Morri, parti, desapareci!
Mas com sua peculiar epígrafe,
a família horrorizada assim ficou:
"Vivi mais de um século só para no inferno chegar
E as bocetas das diabinhas experimentar."

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