Monstro do Subterrâneo

Lá no fundo,
Bem no fundo
Nas profundezas da mente 
Do homem civilizado
Há um monstro sombrio
Querendo emergir.

Boçal,
Celerado,
Tirânico.
Obedece somente sua própria vontade
Selvagem em sua promiscuidade.

Eu o deixo quieto
A maior parte do tempo
Mas, às vezes, em noites prementes
O monstro emerge 
Gritando bestialmente.

Convenções sociais,
Morais, éticas
E especialmente a senhora razão
São obstáculos à sua satisfação.

Não é belo, nem sublime
Sente atração inata
Por desordem e caos.
É a podridão irracional
Do ser humano.

Um cavalo acuado relinchando,
Eis seu estado natural.
É capaz das maiores atrocidades: 
Assassinar desafetos,
Trucidar inimigos,
Violar jovens beldades,
Destruir civilizações.

Então preciso entrar num acordo
Acalmá-lo com pequenas maldades
Lembrando-o do castigo exemplar
E que a liberdade jamais é plena
Trata-se de uma anedota secular.

Finalmente a manhã chega 
Trazendo pão, conforto e paz
O monstro, assim, aquieta-se novamente
Esperando uma nova oportunidade
De emergir sedento do subterrâneo.

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